Vai pouco farta a polémica dos bustos mal barrados na Assembleia da República: o fascismo enche a boca de uma certa esquerda, como se a banalização da palavra não pudesse contribuir para a banalização do mal e a direita logo se preocupa com a História que não se pode apagar - a mesma direita que quer extirpar da Constituição o seu preâmbulo histórico.
Nisto perdemos sempre o ponto cardeal certo, como prova o desnorte provocado por aqueles bustos nos corredores parlamentares. Não são estes bustos que deviam estar em exposição, concorde-se, porque a República merecia antes uma nova releitura.
Há imagens castas do busto republicano português (e já nem falamos daquelas caricaturas no Parlamento), mas apesar de uma ou outra representação despida, nunca ousámos como os franceses, que inventaram a efígie e lhe deram formas - eles já renovaram a imagem de Marianne, a partir da sua imagética pop: Brigitte Bardot (em
1968) foi Marianne e logo deus recriou a República. Houve ainda em 1972 Michèle Morgan; em
1978, Mireille Mathieu;
em 1985, Catherine Deneuve;
em 1989, Inès de la Fressange; e (já lá vamos) em 2000, Laetitia Casta; por fim, em 2012, Sophie Marceau. Perante tamanha lista, ainda dizem que a República é menos atraente que a monarquia?! Non!
O busto português merecia renovado respeito. E perante Laetitia, 36 anos, francesa de Pont-Audemer, a Marianne de 2000, também acho que devemos discutir os bustos da República. Ou a falta deles nos dias de hoje. E não se faça tábua rasa em matéria tão abundante.
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