Há sensivelmente 20 anos que o cheiro de um café de
cafeteira acabadinho de fazer não era sentido cá em casa. E que bem que sabe.
Enquanto o saboreio (são servidos?) e o aroma se espalha
ao quarto, recordo aquele que foi um “divórcio” repentino e indesejado (e de
certa forma violento) com um objecto que me acompanhava desde que me lembro de
ser gente e do qual nem sonhava separar-me.
Não conheço ninguém a quem lhe tenha passado algo
semelhante. E alguns daqueles com quem partilhei a história relutantemente
acreditaram.
Mas juro que é verdade: a cafeteira comprada para a minha
primeira casinha pura e simplesmente explodiu enquanto a água fervia. Saiu,
felizmente, disparada para o lado contrário onde a rapaziada estava lá reunida
naquele inolvidável serão de inauguração.
Esquecendo aquela parede branca que imediatamente e para
sempre deixou de sê-lo, o susto foi tal que o trauma não podia ter sido por
menos: nunca mais usei “aquela coisa” na minha vida.
Até hoje.
Fizemos as pazes mas fiz também figas quando lhe
murmurei, enquanto esperava (a olhar, como fazia em miúdo) o som da água a
ferver: “desta vez, por favor, porta-te bem”.
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