25 de junho de 2014

A última refeição


O Rigoleto fecha na sexta-feira. O Rigoleto é um café, uma simples pastelaria, que também serve almoços. Não tem pratos emblemáticos, não tem uma arquitectura interior ou exterior digna de ser preservada e não vai fechar devido à crise. O senhorio quer a “casa” de volta e pagou tudo, como manda a lei. É estupidamente simples.
O Rigoleto não tem nada daquilo, mas tem memória e pessoas que chegaram aquela rua do Chiado ao mesmo tempo que eu. Ali ri, chorei, comi, bebi, discuti, cantei, convivi. Foi ali que soube da noticia de um avião que tinha acabado de chocar numa das Torres Gémeas, em Nova Iorque. Ali vi o Paulo e Teresa, e vi nascer os filhos deles. Ali vi o Luís e vi nascer os fllhos dele. Eu conheco-os e eles conhecem-me. O Rigoleto não é uma pastelaria, é já um pedaço da minha memória, da minha história de vida.
Muitas vezes recorria um prato secreto, fora da lista, que só os habituais tinham direito. Esta sexta-feira, quero uma salsicha alemã com batatas fritas, ovo estrelado, arroz, salada… e tudo.

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